Saúde Mental: Qual sua relação com você mesmo? - Utilidades de Alferes:.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Saúde Mental: Qual sua relação com você mesmo?


Alferes na área galera.


Acho que hoje, de novo, eu queria falar sobre saúde mental.

Falar o quê? Não sei, mas queria falar, de qualquer forma.


Estamos vivendo um período muito louco, fato. E tem muita gente que não tá vivendo dentro do próprio prumo por causa disso, fato também.

Mas acho que é importante focarmos aqui neste assunto no cotidiano, seja ele o atual em específico ou só no assunto em termos gerais.


Saúde Mental: Bora.



Eu estou começando a aprender a cuidar da minha agora. E nem estou falando do diagnóstico dos distúrbios bipolar com enfoque depressivo e de ansiedade que tenho. Estou falando das ações e padrões de pensamento que essa pessoa, com esse diagnóstico, tem.

Eu passei a minha vida inteira achando que tinha que pedir desculpas. 

Desculpas pelas minhas opiniões, pela minha personalidade, pela minha condição financeira, estilo de vida, defeitos... 

Desculpas por não ser o que os outros esperam de mim, mas sim uma pessoa de verdade.


Estava comentando com a minha  irmã (porque  tenho um apego meio doentio às minhas memórias doloridas de vida),  que lembro de quando eu estava na 1ª ou  2ª série e as meninas com quem “eu andava” só aceitavam sentar comigo no intervalo se eu tivesse lanches legais para dividir.

Eu quase nunca tinha.

E a parte triste dessa história é que eu sentia que devia desculpas a elas por não ser legal e ter coisas legais pra dividir, como se eu fosse uma má pessoa, uma má amiga por não poder fornecer lanches legais pra elas quando nem tinha pra mim.

Eu cresci e as amizades mudaram, mas a história se repetiu de uma forma meio diferente.

Comecei a andar com uma menina que era tudo que eu queria ser: ela era extrovertida, segura de si, cheia de personalidade e ideias e eu colocava ela num pedestal.

Só que, por ela ser essa personalidade toda e eu sempre ter sentido que precisava ser o que esperavam de mim e me modular pra agradar, passei a seguir cegamente essa amizade e continuar reprimindo minha personalidade, que não é nem um pouco fácil, diga-se de passagem.

Vocês sabem como isso termina, certo?

Eu andava em um grupo grande de meninas por causa dessa minha amiga, e por me meter sem querer em picuinhas que outras meninas tinham com o grupo em si e ter prometido segredo, quando vi, virei a culpada do rolê e terminei a 6ª série sem amigo nenhum.

A vida aconteceu, novas amizades aconteceram, e quando me vi, estava no Ensino Médio, com outro grupo de amigos, dos quais me afastei num período depressivo no qual tive uma crise de identidade ferrada, isso no meio aos meus 17 anos, porque eu me odiava e queria ser outra pessoa. Eu queria “ser legal”.

No fim só consegui ser escrota mesmo e tenho muita sorte de ter conseguido reatar essas amizades que tenho até hoje e que moram no meu coração.

Mas o problema persistiu. 

Em um site, encontrei uma nova amizade com uma pessoa mais velha, que tomou na minha vida um papel meio maternal até. Por alguns anos eu dediquei toda a minha vida para falar com essa pessoa, para tentar ajudar com os vários problemas da vida dela, a estar lá para ela absolutamente sempre que ela precisava, porque era o que ela queria e precisava de mim, mas eu nunca, em momento nenhum, respeitei nenhum dos meus limites durante o grosso dessa relação e, óbvio, essa situação também não se sustentou.

Comecei terapia e fui para a faculdade de Direito depois de conversar sobre carreira com a minha terapeuta até então e, porque ela era muito pragmática e objetiva, comecei a me portar assim e a achar que era também e fui tão eficiente que não sei até hoje se essa minha antiga terapeuta tinha ideia do quão fundo iam minhas questões. E ela é uma terapeuta do caralho, que recomendaria de olhos fechados.

Mas devido à justamente minha carreira na área, tive que parar a terapia com ela de forma abrupta quando consegui um emprego que me demandava a semana inteira e apenas me deixava os sábados e domingos livres para fazer terapia e, assim, acabei parando na minha terapeuta atual em meio a uma crise de carreira, pois descobri que a prática jurídica era tudo que eu não queria para a minha vida por n motivos.

Acabei pedindo demissão após o cumprimento do contrato de experiência e uma semana após me desligar do escritório, eu caí na cama com a pior crise depressiva que tive até então.

O que estou querendo fazer com esse relato? Não é apontar meus problemas ou contar uma historinha triste sobre a minha pobre vidinha, mas apontar como a maior pedra no sapato da minha vida sempre foi essa necessidade patológica de ser o que os outros esperam de mim, não quem eu realmente sou.


Nestes meus 28 anos de vida, é recentemente que venho tentando aprender a ser eu. E, sinceramente, a ideia de não ser gostada por alguém ou de decepcionar alguém me aterroriza até hoje.

E essa saga de aprender a me aceitar como sou, a me amar e a aceitar a decepção, julgamentos e desapreço alheios é muito difícil e muito pesada pra mim, ainda.

Falei para minha terapeuta sessão passada que não queria ser um erro, e é assim que me sinto a maior parte do tempo.

E ela me disse: não existe pessoa certa e pessoa errada, quando a questão não está machucando ninguém. Que o que eu estava falando era sobre acolhimento.

E é mesmo. 

Eu sempre busquei desesperadamente a validação do mundo porque eu nunca me aceitei.

E o quão triste isso, não é não?


Por isso vim hoje com esse textinho de arroubo, arranhando minha história de vida, meu psicológico e minhas questões emocionais, pra abrir pra vocês que nunca me amei como me amo hoje e, ainda assim, tenho um longo caminho à trilhar para parar de me odiar.

E vocês? Que relação têm com vocês mesmos? 

Me contem o que fazem para cuidar da saúde mental de vocês também. Eu definitivamente sou do time terapia. Já falei, se pudesse, fazia uma camiseta estampada com os dizeres “TERAPIA: VOCÊ PENSA QUE NÃO, MAS VOCÊ PRECISA.” hahaha

Bom, é isso.

Até logo mais, com mais Utilidades em alguma hora, mas neste mesmo canal.



beijos da Alferes 





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