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terça-feira, 29 de maio de 2018

Quando sua alma se torna acromática

Alferes na área, galera.

Fiquei umas semanas ausente do blog, pois não tinha ideia de material para trazer e essa falta de ideias e criatividade me tomou de tal forma que acabei rendida à apatia, incapaz de escrever uma linha.

Nossa, soei como um drama do século XVIII, mas gostei 😆

Daí, no fim, minha terapeuta me incentivou a voltar pra cá para fazer jus ao nome deste blog com algo um pouco mais sério e pessoal, que é a minha vivência diária e a luta com a depressão e cá estou eu, torcendo para que, talvez, a minha experiência sirva de respaldo para alguém, porque... amig@... não é fácil.

Arte por M.Alferes. Desenho em caneta esferográfica preta e lápis.

Minha irmã, neste domingo dia 27/05, me levou para ver o segundo dia do espetáculo Autores em Cena, do Itaú Cultural, onde tive a experiência mágica de conhecer ao vivo e à cores Chico César e Vitor Ramil, que vamos combinar que são dois artistões da porra, né? 

Foto por César Rodrigues. Postada originalmente no meu Instagram pessoal

Porque  estou falando isso? 

Não, não é pelo prazer imenso que tive de ver de perto duas almas tão gentis e iluminadas (sério, conversar com eles é como conversar com um colega querido. Eles são fofos e acessíveis neste nível).

Foto por César Rodrigues. Postada originalmente no meu Instagram pessoal

Estou falando isso porque, apesar de a experiência ter sido maravilhosa, me trazido energia e feito eu me sentir muito amada por minha irmã me querer por perto, real oficial, toda essa felicidade que senti parecia existir através de um vidro.

Isso é a minha experiência atual com a depressão.

Foto por M.Alferes. Palco Itaú Cultural.

No meio pro final do ano passado, estava num estágio tão sombrio dela, que não via razão em levantar da cama. Tinha ficado seriamente doente pouco tempo antes, saí do meu emprego de então, estava em plena crise de carreira, sem saber o que fazer do meu futuro depois de entender que o que estudei por 5 anos não me serviria profissionalmente como tinha planejado... 

(Ficar sem norte na vida é algo assustador demais, quando não se tem nenhuma certeza de nada.)

Minha família entrou em ação aí. Fui fazer acompanhamento psiquiátrico por conta deles e do incentivo da minha terapeuta atual (💕), a qual veio como um acalento no meio de todo o vendaval da experiência que foi o meu último emprego. Pois nele, por conta do horário de serviço de 9hs diárias (44 semanais), e da distância, 2hs de locomoção de onde eu moro, tive que simplesmente parar de ir na minha terapeuta anterior (saudades dela) e, a essa altura, quem me lê e ouve na vida sabe que pra mim terapia é algo sagrado. Dá pra viver sem não, meu.

Então, atualmente, tenho o apoio psicológico E psiquiátrico graças a Deus e minha depressão simplesmente sumiu da face da terra como magia e eu estou plena, linda e feliz... só que não.

Eu estou DEFINITIVAMENTE melhor. À sério. 

Mas eu ainda não estou bem.

Imagem retirada do Pinterest

Esse processo lento de recuperação me mata. Tenho a impressão às vezes de que não estou melhorando em nada e que vou viver o resto da minha vida neste limbo onde as coisas não tem as cores que tinham, os cheiros e gostos que tinham e tudo vai ser eternamente uma versão em cinza do que eu sei que realmente são. Que vou sentir minha própria felicidade como se ela viesse como um eco através de uma parede e me mover para tudo como se estivesse tentando andar embaixo d'água, fazendo muito mais força que o normal para andar muito menos que todo mundo.

E daí eu penso a respeito, leio, pesquiso e sou lembrada de que não caí em depressão de um momento pro outro. Foi à um golpinho por vez. Então, se meu processo de depressão foi gradual, a recuperação por certo que vai seguir o mesmo modelo, né? 

Mas, não me mata essa espera?

Mata. 

Quero minha alegria de volta pra ontem. Eu leio e me informo como posso do que estou passando, mas meu cérebro continua me dizendo: , ok, você está mal. Mas chega, ficou mal por tempo o suficiente já, né? Você já está se tratando há meses! Então chega, não é mesmo? Passa! Passa! Vai viver sua vida como uma pessoa normal e parar de lutar com males invisíveis." Porque as vezes a impressão que tenho é que eu que sou a depressão e a luta é contra  mim mesma. É contra quem eu sou.

Me sinto muito perdida com muita frequência. E cansada o tempo todo.

Cansada de preocupar minha família. De me afastar dos meus amigos porque não sei estar perto deles me sentindo assim.

Cansada de fazer tanta força para continuar me sentindo para trás na corrida imaginária da vida, onde você tem objetivos à ser alcançados de acordo com a fase da sua vida a qual está vivendo.

Cansada de sentir, agora as vezes, antes o tempo todo, como se eu fosse louca por me sentir como me sinto, só porque não tenho nenhuma prova física disso. Eu juro que não escolhi me sentir miserável. Se eu pudesse, escolheria o oposto.

Vídeo do Canal Cadê a Chave, falando um pouco sobre Depressão.

A depressão, pelo menos pra mim, não é um grande monstro que te persegue e te engole e te faz sangrar.

A depressão, pra mim nesse momento, é ter minha alma acromática, enxergando o mundo em tons de cinza. É faltar sol pra aquecer o coração.  

É um mundo meio mudo. Meio desconectado. Que tá começando a se conectar, a criar sons e algumas sombras de cores, mas que tá longe de ser ainda o que eu quero.

Me desejem sorte nessa jornada pela recuperação, enquanto eu desejo do fundo do coração que o que estou passando aqui sirva de apoio para quem está do lado daí, lendo este texto.

Imagem retirada da página do Facebook dos Poetas de Sofá e uma verdade na cara que tô necessitada

É isso, galera. 

Até semana que vem com a próxima postagem.


beijos da Alferes 


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