A importância de saber ser ou A eterna jornada pelo descobrir-se. - Utilidades de Alferes:.

terça-feira, 17 de abril de 2018

A importância de saber ser ou A eterna jornada pelo descobrir-se.

Alferes na área, queridos.

Como sempre, não tenho ideia para um post maneirão por aqui então, vamos com o que dá.

Vamos para uns papos interiorizados, reflexivos, que me expõem mais do que provavelmente deveriam e que acho que sempre deveria ter alguém pra falar pra e com vocês sobre.

Ando muito perdida na questão do ser. Ou melhor, do saber ser.

Com o tempo e mudanças e perdas e situações, fui pouco a pouco esquecendo completamente o que significava ser eu.

Fui esquecendo porque eu gostava do que gostava, esquecendo do que, exatamente, eu realmente gostava. Fui esquecendo como se faz pra estar aí no mundo e se manter presente na vida das pessoas que gosto. Qual o prazer que há em habitar esse mundo pra começo de conversa. Fui esquecendo como eu queria viver.

Óbvio que isso tem conexão com a depressão, não me entendam mal. Eu sei que muitos desses sentimentos são comuns nesse quadro. Mas... eu não sei o quanto um trouxe o outro ou vice-versa. Tipo, quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?

Então eu ando numa fase muito nostálgica, na qual vou relembrando tudo que vivi na minha vida e o que me fez quem sou. Estou tentando real reavaliar meu mundo e percepção dele (obrigada terapia).

Andei relembrando desde coisas muito inócuas, como estar sentada no chão, apoiada numa mesinha de centro de madeira pra apagar as velas do meu bolo de aniversário de 4 anos, quanto como todas as meninas do grupo que eu andava na 6ª série pararam de falar comigo porque me meti sem querer em intriga de outros membros do grupinho e no momento em que poderia ter explicado as coisas pra elas e limpado minha imagem, calei minha boca porque não queria caguetar ninguém e acabei levando a culpa de tudo e sendo rejeitada (pensa numa coisa babaca pra se ser traumatizada  com? mas essa daí não tive que fazer força pra relembrar não).

Foto de família. Meu aniversário de 4 anos.

Lembrei que antes de sofrer assédio sexual bravo na saída do show de encerramento do evento, com mais ou menos meus 13 anos de idade, eu amava ir em eventos de anime e mangá e ver o mundo de cosplay, curtindo algo que era muito importante pra mim na época (cresci na era dos animes no Brasil, né meus bens? Aqui é CDZ na veia até hoje), mas que depois daquilo eu comecei a sofrer ataques de ansiedade em lugares cheios e que frequentar eventos de anime foi perdendo o encanto muito rápido.

Lembrei que quando tinha 16 anos e tava passando pelo que chamo até hoje de o pior ano da minha vida, eu fui para Paranapiacaba com a minha irmã, o namorado dela na época e um grupo de amigos dele e fomos fazer arvorismo e, até hoje, após uma década eu lembro como uma das coisas mais sensacionais que já fiz e que tava com mais medo de subir na copa da árvore por aquela escadinha capenga do que fiquei em atravessar um fio de ferro suspenso a uns 15 metros (?) do chão. E depois fomos comer Bife à Rolê. Foi a primeira vez que comi o prato.

Foto por M. Alferes. Paranapiacaba há uma vida. (Não achei as fotos do arvorismo)

Lembrei que, do curso de teatro que fiz no ETA, o que mais me deixou claro que não sirvo pra isso não foi nem o subir no palco ou o nível insano de dedicação que precisa ter, mas o fato de não ter controle sobre o roteiro e não poder ver a peça enquanto ela corre (quem não tá em cena fica nos bastidores esperando a deixa, né?).

Lembrei que quando eu era pequena e sofria de uma crise séria de bronquite (o que era horrivelmente comum) e eu começava a entrar em pânico porque não conseguia respirar, meu pai me deitava na cama com ele, me abraçava que nem um papai urso e ficava repetindo pra eu tentar respirar com ele.

E de tanto que fui lembrando e lembrando aqui, percebi que eu tenho o pior hábito de me apegar ao que me machucou e carregar essa dor como um escudo, quando até as minhas más lembranças tem uma lição ou um lado doce.

Foto por M.Alferes. Cartinhas de 2005 do meu antigo grupo de amigas.

Claro que essa reflexão que ando fazendo e que estou trazendo aqui não é uma chavinha mágica que resolveu meus problemas. Continuo com eles aqui e continuo fazendo tratamento pra depressão.

Mas me fez ver que muito do que acabo fechando, afastando, numa tentativa inconsciente de me proteger, tirou aos poucos o sabor que tinha a minha vida. Eu não vejo mais graça em coisas que amava e não consigo mais me abrir pra pessoas que amo e sei que merecem essa confiança porque confiei muito em quem não merecia e isso não é justo, nem com elas, nem comigo. 

Essa reflexão toda é um passo.

Por isso estou me tratando e é por isso que falo pra quem quer ouvir na terra da importância de um bom acompanhamento psicológico. 

Porque se tem algo que todo mundo sabe é que de perto, ninguém é normal. E algo que falo que um dia ainda vou por numa camiseta é: Terapia. Você pensa que não, mas você precisa.

Por isso, minha utilidade da semana, além de te revelar que, desculpa, você com certeza deveria fazer terapia sim, é que de repente você pode consegui-la sem custo ou com preço acessível, se terapia particular não é algo dentro da sua possibilidade financeira atual.

O site Saúde Mental tem uma lista completa de locais por toda a São Paulo que fazem atendimento psicológico gratuito ou por preços populares. É só clicar em cima do nome do site para acessar a página.

Além de poder citar por aqui rapidinho (mas tem na lista do site acima) que Universidades como a USP e a UNINOVE oferecem também atendimento psicológico gratuito. 

Além de, obviamente, o atendimento possível pelo SUS nos CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial).

É sério, optar por fazer terapia não é fácil. Esse é um passo que pertence aos corajosos, porque é abrir as portas para lidar com tudo que você nem sabia que carregava dentro de você. Mas é também uma faxina daquelas de fim de ano na alma. 

É a chance de se conhecer, aprender como funciona, desautomatizar comportamentos nocivos e aprender a viver de uma forma mais plena.

Dói? Dói. Mas é daquelas dores que valem a pena. Tipo uma tatuagem bem feita. 

Essa é minha dica de utilidade de hoje, pessoas. Espero que tenham gostado.

E não se esqueçam: 

Terapia. Você pensa que não, mas você precisa.

Até a próxima!


beijos da Alferes 


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